quinta-feira, 28 de maio de 2009

Soneto de Separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinicius de Moraes



Ciclos


Os 18 anos foi o tempo das gargalhadas mais divertidas
Com 18 conheci gentes muito malucas
Foi aos 18 anos que visitei os bares que me armazenaram
Nos 18 criei os segredos mais íntimos e indiscretos
Aos 18 tive as melhores noites e as mais intensas madrugadas
Vivi com 18 as paixões mais perpétuas
O abraço de adeus na estação de trem foi aos 18 anos
Fui santa, mulher, ousada e sem nível aos 18
Com os 18 anos gostei de novas musicas, novas roupas, novos sapatos
Recriei sonhos e destruí planos antigos aos 18
Nos 18 anos brinquei no balanço e andei (muito) de saltos altos
Foi nos 18 que vivi momentos grandiosos, com grandes amigos...


E são destes 18 que partem rumo aos 19,
Onde cada momento foi único,
Cada emoção é ímpar,
Que me despeço dentro de poucos dias...







Nem me lembro que foi diferente

As vezes penso que estou caminhando para algum lugar...
e me falta o rumo.
Creio estar alimentada de esperança,
porém me falta aquele ar vital.
Acredito no tempo,
e as horas... estas são tão traiçoeiras!

quarta-feira, 27 de maio de 2009

.Amigos.

Contrariando pela primeira vez a canção Sinônimos, digo:
-Quem tem amigos na vida,
Tem sorte!
...Porque na fraqueza te faz ser bem mais forte!

Gi, Má e Sil... tem sido peças fundamentais no meu guarda-roupas da alma.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Despedida


A despedida também é o momento da chegada. Chega um novo tempo, uma nova mudança, uma ausência não habitual.
A gente nunca sabe a hora de dizer adeus... E daí, às vezes, parecemos uma multidão de árvores velhas balançando seus galhos como se acenassem tchau.
E quando partimos somos bondes impiedosos que carregam dentro um sorriso choroso e deixa na estação uma lágrima bailarina.
Quando partem e ficamos, nos sentimos as mesmas árvores velhas que não se movem do solo, apenas se deixam balançar pelas hastes.
Ir quando se ama é levar o navio arrastando a ancora pelo oceano, as correntes só pesando.
Partir na solidão é embarcar no trem um passageiro e duas bagagens. Um aceno e dois lenços balançando no ar.
Como o céu ou o inferno que encontra o ateu na hora da suplica, é a morada que guarda as emoções do adeus final...



Paixão

A coisa mais sobrenatural do mundo
É dormir e acordar
Todos os dias
Apaixonado pela mesma pessoa!






sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ausência


Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.



Vinícius de Moraes