Ele tem esse jeito de quem vive despreocupado com os dias, que não passa muito tempo contando as horas, que esquece de tirar os sapatos para tomar banho, que não liga muito se a comida está fria. Mas tem medo de água gelada, reclama de dores nas costas, não se molha na chuva, fica doente uma vez por mês e não foge de hospital.
Ele tem cara de quem transa de meias, diz bandalheiras controvertidas no ouvido, não entende poemas sensuais, mas sabe fazer poesias abstratas. Tem poucos cabelos, uma barriguinha, um ôculos engraçado, mãos calejados e uma lingua que sabe usar no lugar certo, no momento exato.
Eu gosto de suas abstrações, de sua voz mole, seu timbre rouco, seu olhar louco. Gosto também das suas roupas despojadas, do seu carisma, do seu carro mal cuidado, da sujeira que faz, das fotos que tira.
As vezes eu penso pouco nele. Muitas vezes eu penso muitissimo. Até sinto o cheiro que ele tem. Ainda sinto o pesar do seu corpo sobre o meu. A cada eu dia o quero, de uma nova forma, um novo jeito. Mas sempre. Sempre em mim e para mim.
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