Como diz em Eclesiastes:
Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
- Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
- tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar;
- tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
- tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar;
- tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora;
- tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
- tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Falar do tempo pode não ser a coisa mais penetrante em mim ou para mim, mas hoje me pego sentindo falta de gente de verdade, vivendo em tempos de verdade, com suas próprias verdades. Não há mentiras para quem conjuga sua vida com exatidão; e não é essa exatidão matemática, calculada e certeira, mas sim aquela que mede a quantidade exata para fazer algo funcionar, para poder mover, para ter sensações e motivos reais. Daí as pessoas passam a ser mais humanas.
O ser humano tem medo do tempo passar. De ver os dias escorrerem, de sentir a estação mudar, de andar no trem errado ao menos uma vez, de desaperceber quem fica a acenar. É fato que não é possível retroceder, no entanto é muito simples fazer o inusitado, buscar o novo outra vez, e aceitar que não será igual, mas que a intensidade propõe outros caminhos, distintas energias.
Eu não tenho medo de parar onde estou. Nem de romper. Nem de recomeçar. Nem de desviar. Nem de começar de novo. Nem de ser abstrata. O que me incomoda é ser cíclica sempre, andar sempre descalça, dirigir numa marcha lenta. Gosto de ver as coisas acontecerem, sentir o ar batendo forte no rosto, pisar em cacos por algumas vezes.
Sei que o que há de ser, tem muita força. E isso basta para sentir-me segura agora.
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