segunda-feira, 26 de julho de 2010

sobre a noite fotográfica

Eu não esperava que o amor não tivesse tido fim.
Não queria ter sentido meu coração chorar e minha respiração falhar.
Não queria, naquele momento, um dia ter sentido o calor do seu corpo no meu, sua voz ao meu ouvido, suas mãos por dentro do meu vestido, eu em sua nudez.
Eu não queria ter cruzado meus olhos nos seus, ter me apaixonado, entregado meu amor, ter te dado tanto amor. Ter amado teus filhos, preocupado-me com tua mãe, pensado na sua carreira.
Queria não ter te acolhido nas nossas noites de insonia, nas horas perdidas, nos copos levantados.

Ela tinha um olhar que filmava. Ele que fotografava. Eu que me perdia. Éramos três vivendo partes distintas de uma mesma história.
E foi o pior dos reencontros. A mais cruel dor. O suplicio maior que me causei. O abismo mais raso em que me atirei...
Tive uma febre que parecia não ter mais fim. Mas passou. Tive uma insonia que parecia nunca mais acabar. E acabou. Tive uma solidão bem vazia. Preencheu. Tive uma dor bem dolorida. Curou.

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