sexta-feira, 30 de maio de 2008

Nada importa mais...

Já não me importa mais se seus olhos pedem para ficar, se seus lábios querem dizer algo que omite, se seu sorriso as vezes é melancólico... Não me importa mais.
Tanto faz que você beije tantas outras bocas, ou que mude de paixão todos os meses. Tanto faz se quer jogar, papear, beber e depois se acabar num sono intenso.
Não quero mais correr através dos teus dias, da tua espera incessante, do passar lento das horas, dos súbitos surtos, dos loucos momentos irônicos. Não quero mais cansar minha alma ou me debruçar sobre tua janela fechada. Não me importa que você nunca a abra. Que nunca defina seus dias, que jamais me olhe dentro dos olhos, que sempre arrume um pretexto para desaparecer por longas temporadas. Já nada mais faz sentido mesmo.
Já não me importa se o vazio que você me causa dá espaço para eu lembrar daquele caso antigo mal resolvido, que dê tempo de um vagar nas horas caladas, que eu fique esperando o telefone tocar ou ouvindo as musicas que você gosta.
Para falar a verdade, não me importa nem mesmo a roupa que usarei amanhã. Se meu vestido vermelho vai te agradar, ou se minha saia branca te seduzirá. Nem mesmo se te atraem os saltos altos, ou as sapatilhas baixas. Nem se prefere a maturidade ou a juventude. Se gosta de bebidas quentes, ou prefere esquentar a cabeça.
Não quero saber se sua guitarra está afinada, se sua ilha está habitada, se na noite passada a insonia te deixou dormir.
Nem ligo mais em saber se você recebeu minha mensagem, se levou o menino para dar uma volta, se beijou sua mãe quando acordou, se lembro de sorrir quando foi trabalhar, se seus sapatos estão amarrados, se a toalha não ficou molhado em cima da cama, se o rádio não estava muito alto e você não ouviu a telefonar.
Já não me importa se você tomou gelado e ferrou sua garganta, se jogou mal no domingo e não fez nenhum gol, se fracassou no serviço está semana, se deixou a desejar sua família, se não ajudou o amigo que precisava de seus cuidados. Se você tropeçou e caiu. Se caminhou e sentiu sede. Se chorou baixinho no seu travesseiro. Se sentiu vontade de dormir e não acordar nunca mais. Se ouviu uma música nostálgica. Se não conseguiu concretizar suas metas diárias.
Não me importa se idealiza uma mulher perfeita de cintura fina, pernas torneadas, seios fartos, quadril escultural. Se te atraem as futilidades e se omite das virtudes que alteio aos teus olhos frequentemente. Se quer uma dama que te enlouqueça nas noites e se ausente nos dias todos e nas tardes todas e nas manhãs todas e nas madrugadas todas. Que te satisfaça em segundos e te esqueça nas horas.
Já não me preocupo se você ouviu a canção que te ofereci, se leu minhas palavras atenciosamente, se lê estas daqui, se espera o tempo passar para me observar, se sente falta de mim, se gosta da minha presença no teu caminho. Nada. Nada mais me importa.
Nem o soluço, nem a saúde, nem o vigor, nem o perfume, nem a dor de seus pés.










... Mas se a ti algo de mim importar, diga!
Antes que eu vá embora de verdade...
A luz do fim do túnel está chamejante e convidando a me aproximar dela.
Talvez seja um adeus final...
E porque você não cuida de mim um pouquinho desta vez?

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