quarta-feira, 3 de setembro de 2008

NÓS

Nós dois somos um barco que naufraga em rumos distintos, ao passo que também paralelos...
Da garganta que eleja contra a ânsia de uivar para a imensidão inteira e da boca surge a vontade de lábios encontrarem-se. E o sabor de mel morre na solidão inóspita e tão vazia quanto os passos do guarda noturno.
Uma única palavra que soa na cabeça, dentro dos pensamentos, é NOSTALGIA. A vontade de encontros contínuos passados repetem-se. As ganas estão todas confundidas dentro da alma e bagunçou todas as estradas que os pés poderiam seguir.
O mar... Arrasta a areia no seu vai-e-vem, agita a calmaria, subordina a louca quimera e o oceano inteiro move. Sinto minha vida embaraçar, mistificar, fabular, untar, transgredir.
Em nosso barco os mesmos discos e livros ocupam a prateleira. Cantamos pela viagem canções ímpares, dançamos equalizados, sonhamos o mesmo sonho, lemos iguais poesias.
Nossas palavras se encontraram. Os ecos soaram com força. O perfume das rosas se perdeu pelos ares. A velocidade dos ventos aumentaram. As luzes frequentes falharam. As árvores saudaram o pássaro carpinteiro. É a alma que quer pertencer muito mais que os corpos. A gente preenche o mesmo palco. Pintamos o quadro verde juntos.
Meu espírito sedento te buscou no silêncio da frívola ausência num sonho lindo de destinos perturbados e até ti não cheguei. Fora a indisposição do caminho perdido, do sentido oprimido.
A vulgaridade das palavras não se fez em nossas conversas banais e nos pequenos segundos de insanidade. Os risos pelas mesmas graças se faz satisfatório as ações cabulosas e extravagantes que cometemos.
Desejo que ondas boas tragam paz de espírito, cuidado mútuo, sonhos de madrugada, palavras loucas, beijos ardentes, braço na cintura, músicas para recordar, jogos para jogar, cheiros de gente no ar, utopias históricas, carinho e que as ondas más arrastem a ausência, a carência mista a solidão e a imóvel distância. E que o vento aproxime seu cais do meu porto e esse povo todo que é uma ilha se cale ao nosso enlace insaciável.
Que os objetos se percam, as mãos afaguem, os lábios beijem, os corpos esquentem, os discos toquem, os olhos mirem, as forças reajam, as nostalgias encontrem, as energias vibrem, o oceano seja um só.

Que vontade enorme de de você, Menino!


Nenhum comentário: