domingo, 30 de novembro de 2008

Haver

Há um pico na artéria,
há uma gota caindo da boca da torneira,
há uma pupila dilatada,
há uma ferida aberta sangrando...

Há na alma um bem-querer,
há no jardim uma flor-de-lis,
há na imensidão uma questão,
há na gente uma só paixão...

Há dentro do quarto um cobertor,
há dentro do peito um grande amor,
há dentro da gaveta uma velha carta,
há dentro da missa uma carola rezando baixinho...

Há no céu uma estrela,
há no oceano um pingo d'água vadia,
há no escuro uma lanterna,
há no labirinto uma saída...

Há nas horas um minuto ocioso,
há nas ventanias uma neblina calma,
há nas ondas uma paz profunda,
há nas montanhas uma lonjura fecunda...

Há chama que acende,
há vela que apaga,
há vento que sopra,
distância que chega...

Há homens partindo,
há mulheres chegando,
há filhos nascendo,
há pais partindo...

E no fundo de toda plenitude tem um,
aquele que nunca foi tão distante,
nunca abandonou a saudade
e sempre se fez tão presente!




Nenhum comentário: