domingo, 30 de novembro de 2008

Haver

Há um pico na artéria,
há uma gota caindo da boca da torneira,
há uma pupila dilatada,
há uma ferida aberta sangrando...

Há na alma um bem-querer,
há no jardim uma flor-de-lis,
há na imensidão uma questão,
há na gente uma só paixão...

Há dentro do quarto um cobertor,
há dentro do peito um grande amor,
há dentro da gaveta uma velha carta,
há dentro da missa uma carola rezando baixinho...

Há no céu uma estrela,
há no oceano um pingo d'água vadia,
há no escuro uma lanterna,
há no labirinto uma saída...

Há nas horas um minuto ocioso,
há nas ventanias uma neblina calma,
há nas ondas uma paz profunda,
há nas montanhas uma lonjura fecunda...

Há chama que acende,
há vela que apaga,
há vento que sopra,
distância que chega...

Há homens partindo,
há mulheres chegando,
há filhos nascendo,
há pais partindo...

E no fundo de toda plenitude tem um,
aquele que nunca foi tão distante,
nunca abandonou a saudade
e sempre se fez tão presente!




Tarde

Ele olhou nos meus olhos e sorriu como nunca o vi antes sorrir. Veio em minha direção e abraçou-me. Nos perdemos no meio das pessoas que nos cercavam.
O erro esteve presente quando ele me perguntou:"-Do que você tem medo?" Não entendendo, retruquei:"-Como assim, medo?" Ele disse:"Medo! Gostaria de saber do que as pessoas fortes sentem medo... e eu te acho tão forte, tão firme em suas opiniões!" Eu respondi:"É o coração o que me destrói... Sempre!" Ele:"Então, será que eu posso balançar o teu?"
E eu já estava desfeita de todas as minhas armas...
Estou sentindo um medo que até corroe minhas entranhas. Mas com um riso lascivo no canto da boca e um brilho extremo no olhar.
Ele me abraçou com as duas mãos e prendeu-me entre seu corpo quente. Desejei hospedar-me ali uns instantes, ao passo que quis voar para bem longe. Eu me senti debruçada sobre o parapeito de uma janela e um vento forte assoprava atrás de mim... Meu corpo pesava o tanto de uma folha de arvore perdida na imensidão...


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Hoje

Eu gostaria muito de começar tudo de novo. Bem neste exato momento, onde parar.
Repousar minha alma, respirar um ar suspenso, olhar para o além e ver meu tudo.
Adoraria fazer tudo diferente na minha vida. Talvez uma outra vida que neste ano se transformou.
Conheci gente. Muita gente. Umas me fizeram tão bem, outras nem tanto.
Uns amores, uns pecados, umas vinganças, uns desejos de morte, uns carinhos, umas faltas de carinho...

Tem um ser adjunto a mim que é cheio de coragem. Fez-me ariscar sem ter medo de perder... Jogamos, apostamos, caminhamos pela 25 de março, pela 9 de julho, pela Liberdade, vamos a cinema de segunda-feira, festejamos as segundas, quartas e quintas, falamos de bandalheiras, amores, sacanagens e intelectualóides. Chama-se Márcia. Ela se tornou muito importante na minha vida.
Outra que eu achava muito importante saiu. Mas entendo o ir e vir das rotinas, das vidas, dos destinos.
Uns me arassaram. Arrancaram lágrimas, dores da alma, mas me levantei, tropecei, tropiquei e vou levando...


Renuncio... Quero novos propósitos!



terça-feira, 18 de novembro de 2008

Vai...

Eu só queria fazer da sua vida poesia e canção...
E te prender nos meus braços em todas as noites de inverno!


segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Na primavera de outrem

Foi na primavera de outrem que eu o conheci...
Estava lindo. Com sua atmosfera magnetizante, ao mesmo passo que também enigmática e tímida.
Escondido atrás de seu violoncelo ensaia tirar algumas notas para tocar na nostalgia primaveril.
Diante ali do palco improvisado, entre cenas mirabolantes, alucinações, resgates de vida, incerteza e criatividade tentando fluir eu o identifiquei.
Não resisti e me aproximei. Sorri e disse uma bobagem qualquer. Nada mais, ou demais. Havia que ter silêncio.
Depois, em meio a porção de gente passando apressada, quase nus, outros com os cabelos alvoroçados, outros ainda sem maquiagem alguma, paro na frente dele que me sorri. Dá-me um beijo no rosto e curioso me pergunta:
-Me responde uma coisa... Como você faz pra deixar sua boca azul assim?
Respondi: - Assim, assim...

Daí rimos... Ele tão perfeito e eu tão atriz.

Depois, como amei este homem.
Hoje como amo este homem.
E foi na primavera que passou...
Já nesta, sinto que a mágica acabou, o cristal rompeu-se.
Nem sei o que se passa mais comigo...

sábado, 8 de novembro de 2008

A Árvore.

Olhei àquela velha árvore com seu tronco descascado pela degradação das estações
E senti por alguns instantes uma fidelidade mórbida, quase doentia...
Pela forma com que suas folhas caminhavam para o além...
Comparei minha solidão com a mesma,
que também se acabava em ruínas.
Silenciei e caminhei junto ao mesmo vazio que conduzia a velha verde e marrom
O orvalho que banhava era como as lagrimas que corriam dos meus olhos...

...

E esses dias que corroem a minha paz de espírito
Necessitam passar, cessar, acabar...
Estou em busca de alguma saída que me renove,
que traga minhas forças de volta e me faça reviver!

Das coisas que me fazem recordar você

Das coisas que me fazem recordar você a mais trágica e para falar a verdade não sei nem mesmo como surgiu é o metrô...
Toda noite quando atravesso a passarela para tomar o meu ônibus vejo os carros passarem sob mim... Levam seu destino sei lá para onde... Pode ser um lugar onde você se esconde, ou onde eu gostaria de me esconder.
Fico observando e sou tomada por uma voz rouca que grita no meu ouvido: "Pula!"
Já não posso andar depressa e me agarra suas lembranças de memórias de coisas que não puderam ser e não foram. Voa o vento contra meu rosto e o fluxo me impulsiona pra frente... é onde consigo prosseguir e por mais uma vez não me atirar ao nada, ou aos carros talvez.
Se um dia eu morrer intencionalmente e for por ti, quero se seja assim... Atravessando esta ponte, com vento no rosto, luzes de carros avançando, trens partindo e meu corpo caindo... Só!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sonido del teléfono

Sonó el teléfono. Volvió a tocar sinuosamente. Pedro, borracho, dormía como un plomo en el sofá del salón vacío. Un vaso mojado con whisky ocupaba el suelo y su mano se caía hacia la bebida.
El teléfono sonó con insistencia. Y sonó solamente hasta la tercera vez. Pedro aún no podía despertarse del sueño de plomo que ocultaba su tristeza y su soledad.
El teléfono ya no volvió a sonar. Pedro se despertó de aquél sueño perturbador y de su borrachera intencionada. Fregó sus ojos con el revés de la palma de la mano. Estaba mareado. Su cabeza dolía y palpitaba y su corazón estaba desolado. En sus oídos resonaba una canción que recordaba un tango argentino.
Alrededor de sus treinta y cinco años nunca había sentido el tango con tanta tristeza. Se levantó y fue hasta la ventana. La canción se hizo más presente. Miró el reloj y éste ya apuntaba las veinte horas pasadas. Sintió el corazón latir y apretar.
Una única, íntima y amarga lágrima lavó su cara y bañó su alma. Un suspiro inhóspito hundió su garganta y enseguida se recompuso.
Volvió a acercarse al sofá, rellenó el vaso con whisky. Se sentó y su mirada vagaba perdida. Cabreado, se tumbó en la alfombra roja que quedaba en el pasillo que llevaba a la habitación de su piso. Vivía solo y no se vía un objeto fuera de su sitio. Todo solía estar muy limpio. Pero en aquél día había polvo, manchas de algo mojado en el suelo siempre encerado. Se quitó la ropa muy pronto, la tiró sobre la alfombra roja y se dirigió al cuarto de baño para bañarse.
Optó por una ducha fría. Desnudo, caminó por su piso. Inquieto, siempre con el vaso en la mano, volvía a emborracharse. De pronto, tiró el whisky a la pared y los añicos se esparcieron por el suelo. La canción vecina dejó de sonar.
Se acordó de un bar muy antiguo. Estaba sin compañía, casi depresivo, prendido a una soledad lagunosa y a un vacío que le provocaba baches en el alma.
Bajo una atmósfera efímera, caminando hacia la seducción-cómica, bailaba cerca de su mesa, una dama vestida con largo vestido rojo, el pelo muy negro y ondeado hasta la cintura, prendido con un clavel también rojo. Sus ojos grandes y verdes, cubiertos por pestañas curvas, llamaba la atención.
Un bello chico, con sus veinte años acompañaba la bailarina y la conducía en el tango de Carlos Gardel. Le daba mucho gusto acordarse de la música, del baile y de la dama que bailaba.
El día en que me quieras sonó en aquella noche como eterna, rellenó con su ritmo alegre en segundos el corazón de Pedro. Ella no pudo dejar de notarlo. Le sonrió y fue retribuida con una mirada interesante. Nada más terminar la música y la danza, ella se dirigió hacia la mesa donde estaba Pedro observándola. Sonriendo, quitó de su pelo el clavel y lo puso sobre la mesa con un trocito de papel en el que contenía su número de teléfono.
Aquella noche, él ya no volvió a verla.
En su vivienda, no privó su entusiasmo. Corrió hacia el teléfono y llamó a la chica. Iná atendió. Ése era el nombre de la chica: Iná. Pedro se identificó y pronto fue reconocido. Charlaron por más de dos horas. Se llevaron bien y marcaron una cita para más tarde.
Era final de tarde y el timbre de Pedro tocó. Iná estaba exuberante. Llevaba un vestido a la altura de las rodillas, su pelo, a lo desmelenado, y su mirada provocadora. Él la invitó a entrar, le ofreció un vino y juntos brindaron. Se rieron mucho y hablaron sin parar durante toda la noche. Compartieron semejanzas y diferencias. Pedro era del signo de tauro, vivía en la ciudad hacía más de veinte años, había estudiado arquitectura, nunca se había casado, le gustaba el jazz, leía novelas y vivía solo. Iná era del signo de geminis, llevaba la vida a lo gitano, mudándose de ciudad a menudo. No había terminado sus estudios por culpa del tango, oía jazz, vivía con su compañero de baile y tenía una pasión por pájaros. Ella había recién cumplido sus veintitrés años.
La diferencia de edad entre ambos estaba evidenciada por los gustos y asuntos. Pero al encontrarse, conciliaban sus pensamientos. Le fascinaba a la chica la articulación de Pedro, su manera tímida de ser, igual que el ritmo y tono en el que sonaban las palabras pronunciadas por él.
Su piso tenía una prolija organización e Iná jamás conseguiría ser tan organizada. Iná no era para nada organizada.
La compañía mutua se completaba. Se sentían felices. El cielo estaba estrellado y la luna alumbraba la noche de aquellos que aún no eran amantes.
Iná miró el reloj que ya gritaba más de dos horas de la mañana. Se levantó del suelo, donde estaba sentada al lado de Pedro, arregló su pelo de una manera que le sentara bien, buscó su bolso. Se detuvo y le miró fijo a los ojos de su nuevo amigo. Sus ojos fueron humedecidos por un beso repentino, entonces Iná se acercó a Pedro y le besó con locura. Él la correspondió, pero receloso.
El beso duró largos segundos, pero menos de un minuto. La intensidad hablaba por si sola. Iná se dirigió hacia la puerta, él se la abrió. Ella partió silenciosa, pero con una risa lasciva en la comisura de los labios, tanta era la malicia que cabía en su pecho ardiente, y Pedro no se percataba. Éste parecía un niño y pensaba como tal, casi inocente. Ella ya había partido cuando el volvió a sentarse en el piso. Pensó en la bailarina, deseoso de besos, y luego adormeció.
Al día siguiente, por la mañana, el teléfono despertó a Iná. Era Pedro, atacado por una loca neurosis y su voz falló, ronca, mientras su corazón gritaba queriendo hacerse oír. Sabía que era el. Su intuición era disimulada pero exacta. Sin embargo, cuando atendió, solo alcanzó a decir hola y descolgó. Miró el reloj, eran las diez y treinta y cinco. Hacía ocho horas que se habían despedido.
Pedro, inquieto, se dirigió a la ventana de su departamento. Quedó pensativo viendo cómo los coches seguían para quién sabe dónde y las personas caminando apuradas para todos los lados. No fue a trabajar. Se sentía pleno, colmado, y al mismo tiempo muy vacío, ausente hasta de si mismo. Prendió un cigarrillo y fumó lentamente. Seguía mirando la vida en movimiento. Las cenizas cayeron en el piso de la sala. Volvió en si y caminó hasta el lavadero. Tomó una escoba y comenzó a limpiar la casa. Barría el suelo que pisaba, recolocaba en su sitio pequeños objetos que Iná había manoseado y sacado de sus lugares habituales.
Dieron las dos de la tarde y, preso de una intensa inquietud, telefoneó para la mujer deseada.Colgó. Se sintió perturbado ante la posibilidad de que ella no quisiese hablar con él nuevamente. Ansioso y neurasténico comenzó a desordenar sus cosas, siempre tan bien organizadas. Cambió de lugar los libros de los estantes, colocó el sofá junto a otra pared, alteró la disposición de los cuadros y puso otras cortinas.
El teléfono sonó. Pedro corrió a atenderlo. Su voz era nerviosa y casi quebrada. Era Iná.
_ Querido Pedro – escuchó y sonrió con alegría, sus manos temblaban. Ella continuó:
_ Quiero verte otra vez ¿puedo ir hasta ahí?
Él no pensó y de repente respondió: ¡claro! Dentro de una hora, más o menos, ella estaría, deslumbrante, de nuevo junto a él. ¿Qué haría?
Corrió a recolocar los cuadros en los mismos lugares que antes ocupaban, haciendo lo mismo con los libros y el sofá. Tomó baño, puso una botella de vino y copas en la mesa de la sala. El timbre de la puerta de calle, por fin, sonó. Iná traía en sus manos un disco de Gardel. Entró. Lo abrazó y lo besó. Él la dominó, la recostó en el sofá y le sirvió una copa de vino. Ella ya estaba desnuda cuando él fue a ofrecerle la copa. Se poseyeron tal cual dos niños que se apoderan de su juguete favorito por la primera vez.
Súbitamente Iná comenzó a vestirse, diciendo que necesitaba salir. Pedro no la detuvo. Se sentía saciado… sólo por aquel día.
No cabía en si de tanta felicidad. Estaba colmado de placer. Los encuentros se volvieron continuos.
La mujer siempre volvía cargada de misterios con un mirar raro e indescifrable. Pero su piel era tan tersa, tan pura, tan hermosa…
Los días fueron pasando. Iná dejó de encontrarse con Pedro. Él tampoco la buscó más. Pero el recuerdo de ella lo iba consumiendo cada día más. Hasta que un día, en este año, no ha logrado contenerse y la ha llamado. Lo ha atendido la voz de otra mujer que le ha hecho saber que Iná se había marchado el día anterior. Se había ido a Argentina a pasar una temporada, a danzar, y recorrer otros caminos del destino.
No podía creer en lo que oía. Ha colgado el teléfono y ha llenado una copa con la primera bebida que ha encontrado. Ha bebido, ha lamentado y ha llorado como un niño y ha roto la copa en la que Iná alguna vez había bebido. Borracho, se ha sentido morir. Muerta su alma, muerto su cuerpo, muerta su vida…
El teléfono ha sonado una y otra vez. Tal vez fuese ella. Pero él ya nada podía oír.



segunda-feira, 3 de novembro de 2008

...

"Gosto dos venenos mais lentos!
Das bebidas mais fortes!
Das drogas mais poderosas!
Dos cafés mais amargos!
Tenho um apetite voraz,
E OS DELÍRIOS MAIS LOUCOS.
Você pode até me empurrar de um penhasco
que eu vou dizer:
-E DAÍ? EU ADORO VOAR!!!"
(Clarice Lispector)

"Não me dêem fórmulas certas,
por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim,
por que vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual,
por que sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma,
mas com certeza não serei a mesma para sempre..."
(A.D.)

domingo, 2 de novembro de 2008

Cansei...

Cansei...
-da luz acesa
-das horas rasas
-da inconstância das aguas

Cansei...
-do medo amedrontado
-de esperar no quarto vazio
-do erro que nunca existe

Cansei...
-de sentar na calçada
-das músicas repetidas
-de não dizer nada

Cansei...
-da solidão da lua
-da inospitalidade do sol
-da lonjura dos astros

Cansei...
-das mesmas meias
-dos cheiros ímpares
-de esperar o milagre que não chega

Cansei...
-dos sorrisos irônicos
-das palavras não pronunciadas
-do palco repleto de fantoches

Cansei...
-do mundo surreal
-do nado incessante
-do outro lado da rua

Cansei...
-dos rostos com fádiga
-do meu próprio mau humor
-dos falsos abraços

Cansei...
-do aperto no coração
-do nó na garganta
-da dor no espírito

Cansei...
-de dançar a mesma canção
-de ouvir o mesmo instrumento
-de caçar o mesmo animal

Cansei...
-de chorar risos
-de rir lágrimas
-de estar sempre sozinha

Cansei...
-de estar perto sem estar
-de sonhar com pés no chão
-de planejar e planejar

Cansei...
-da carência perturbadora
-dos filmes já vistos
-dos segundos reprimidos

Cansei...
-da culpa
-da não resposta
-da ausência

Cansei...
-de aguardar
-da curva turva
-da serena garoa

Cansei...
-de me maquiar para ninguém
-de andar debaixo do sol
-de um universo sem estrelas

Cansei...
-da fome
-da desgraça
-das chagas

Cansei...
-do lugar vazio no trem
-do cabelo tão preto
-das unhas sempre vermelhas

Cansei...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O Cordão de Prata


Disseram-me que somos ligados à vida por um “cordão de prata” que sai de nossos espíritos e liga-nos ao corpo material. Quando morremos é porque este mesmo cordão se rompeu.
E por quantas vezes esticamos tanto este Cordão que acreditamos estar partindo-o, mas no entanto, em breve nos vemos inteiros, e vivos, e respirando, e fazendo, e realizando, e concretizando.
No último dia 26 ao subir no palco junto ao que resta da galera orgueana senti os meus sentidos tão vitais pulsando dentro de mim... Talvez pela energia, pela troca, por um êxtase que não sentia a um bom tempo. Uma realização incomensurável de uma agonia que ardia dentro do peito e fazia latejar a cabeça, o corpo e a alma.
A gente pisa no palco. Convida a platéia que a principio é um tanto resistente. Cedem. Juntam-se a nós sobre o mesmo chão. Nos olham esperando algo súbito e tranqüilos iniciamos a apresentação de nosso processo. Vemos a morte perder seu domínio e o Cordão de Prata se fortificar intensamente com a energia que nos é transmitida com aquele público carregado de dádivas, tão perto de nós, nos oferecendo tamanha força positiva.
Em silêncio nos olhamos, sorrimos um riso entreaberto no canto da boca, olhamos ao nosso redor e nos sentimos atores de novo. É. Havia um quê de gente submissa e insegura dentro de nós que foi liberto. Sedentos de prazer, gritamos para nossos fantasmas que tentaram romper o Cordão: “Sentir o Org é Inevitável!”.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Naquele lugar

Eu estava ali...
Sentada com os pés cruzados, ouvindo casos da vida sempre tão perdida, aguardando de braços abertos o momento do vento soprar forte uma rajada e eu pular em direção ao precípicio...
Você chegou com riso nos lábios e ternura no coração. Olhou em meus olhos e penetrou-me uma alegria imensa que fez vibrar todo o meu ser. Abraçou-me em seu colo de paz e como eu quis que ficasse ali até perdermos a noção das horas...
Queria que prendesse meu corpo junto ao teu e não soltasse mais. Que dissesse meias palavras loucas e embebedecesse minha boca na tua boca. E segurasse nas minhas mãos e não soltasse mais. Guiasse meus pensamentos, meus desejos e tornasse gêmea a minha vontade. E tudo mais que há de perfeito no instante que nossas vidas se cruzam.
Gosto tanto dessa sua atmosfra perdida e vaga. Desta neblina que você envolve meu espírito. Deste cheiro de jasmim que fica preso em nosso ar. Destes teus olhos quase tímidos que me aprissionam tão facilmente.
Ei, venha de verdade! E venha depressa!
Venha, pois o meu peito está gelando e aquele outro Cortês pode chegar primeiro.
Eu tenho medo. Medo de mim mesma, crê?
Mas te quero tanto, tanto, tanto...



terça-feira, 21 de outubro de 2008

Nesses dias aqui

Daí pensei em te escrever. Contive a vontade de te ligar e dizer o quanto foi bom estar na tua presença... E rir, e quase abraçar, e falar, e conjugar, e dizer tolices, e deixar um suspiro entreaberto no ar. Julguei que talvez não gostasse de ler-me, então apaguei. Pensei que fosse incomodo demasiado ouvir-me falar o que já sabe, desisti.
Recusei a mim mesma revelar que ensaiei uma porção de palavras feito menina, desfilei efeitos nos meus pensamentos como uma quase mulher, mirabolei diversos acordes mistos a canções idem a uma garotinha disparada, escrevi centenas de letras que já bem conhece na personalidade da feminina que sou... E tudo permiti ocorrer dentro de mim.
E comigo mesma tenho divido a tempestade que me atormenta, o riso que me aprisiona, o passo em que me perco, a voz que me cala, o calor que me sufoca.
Num daqueles dias passados entreguei todo meu ouro a uma alma tão perdida quanto a minha.


Como dizer para você eu nem sei... mas tem algo preso aqui, sabe?!

Exaustão

Nesta noite vou contar as horas bem devagar...
Vou abaixar o volume do rádio, dispensar meus livros, desligar-me do mundo que comigo grita a todo momento.
E nestes momentos vou ficar a mirabolar um plano, um jeito, uma maneira, uma idéia qualquer que consiga transportar-me ao teu universo... E lá, bem dentro, quero brilhar feito rubi que se lapida dia-a-dia para manter seu valor intacto.
Senti meu cabelo crescer nos últimos dias. Também pintei de mais claro as minhas unhas para dar mais leveza as minhas mãos. Tentei sorrir mais sincera. Desfiz-me de papéis e escrevi mais poesias. Olhei mais atentamente para as paredes do meu quarto. Bebi uma água bem gelada. Ouvi o pingar das gotas serenas de uma torneira meio aberta. Mirei fotos antigas e cantei músicas velhas. Vesti-me de roupas mais coloridas. Joguei fora as flores que estavam já murchas.




sábado, 18 de outubro de 2008

Virilidade x Covardia

A virilidade grita dentro da caverna só para ouvir o eco,
A covardia senta na pedra com medo de cair.
A virilidade molha o corpo todo na cachoeira,
A covardia teme por afogar-se.
A virilidade caça pelo dia leões,
A covardia busca pela noite vagalumes.
A virilidade sufoca as lágrimas,
A covardia chora desenfreada.
A virilidade veste azul, rosa, branco,
A covardia usa preto, vermelho.
A virilidade corre pelos campos,
A covardia senta para tomar um vento gelado no rosto.
A virilidade nada até o fundo do mar,
A covardia pula sete ondas para dar sorte.
A virilidade anda descalça na rua de paralelepipedo,
A covardia toma banho de sapatos.
A virilidade nunca pisa nos freios do automóvel,
A covardia sempre lembra do cinto de segurança.
A virilidade dança na chuva,
A covardia carrega um guarda-chuva à tira-colo.
A virilidade canta músicas desafinadas,
A covardia escreve num quarto escuro.
A virilidade lateja,
A covardia esconde.

Quem sou?
Descubro-me e devoro-me.
Então calo.
Vivo covarde e viril simultaneamente.
E por qual vereda?
Nem eu sei!




.Esta noite.


Esta noite vou pentear meus cabelos bem lentamente antes de dormir...

Vou olhar pro céu e lembrar de contar todas as estrelas.

Vou ler meus diários, minhas agendas, minhas poesias e minhas frustrações.

Vou ouvir as canções que fazem-me lembrar você e cantar em sussurros todas elas.

Vou rasgar minhas cartas antigas e esquecer o que disse o mensageiro dos céus, ou do inferno.

Vou relembrar as palavras que disse-me em loucos momentos e que fizeram-me tão bem.

Vou tentar conter a força que arremeça minhas lágrimas a face.

Esta noite vou dormir bem cedo: antes do sol aparecer, sob a escuridão inóspita...

Vou descalçar meus pés e ficar olhando-os, recordando os passos errados que já percorreram.

Vou ensaiar uma dança funesta sozinha, assim não terei medo de errar a coreagrafia.

Vou riscar um fósforo e o verei consumir-se todo acompanhando minha força.

Vou abrir a geladeira e deixar meu coração lá dentro para resfriar.

Vou caminhar pela casa e apagar todas as luzes.

Vou conferir meus pares de brincos e separá-los por cor e tamanho.

Esta noite vou ver os carros seguirem uma direção qualquer...

Vou desarrumar minhas roupas todas pelo chão e eleger as mais simples para sair.

Vou cortar minhas unhas e pintá-las novamente de vermelho.

Vou escrever poemas como quem morre com caneta cor vermelha.

Vou imaginar o ensaio de amanhã e criar alguma frase para dizer que estou levando a vida.

Vou costurar meu vestido desbotado e abotoar todos os botões das minhas calças.

Vou provar todos os meus perfumes e fazer uma lista de programas para a primavera.

Vou provar batons distintos e maquiar meu rosto feito puta de cabaré.

Esta noite vou perturbar minha alma para que somente esta noite ela deixe de buscar a você...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A noite passada...

Esperei por tanto tempo
Esse tempo agora acabou
Demorou mas fez sentido
Fez sentido que chegou...

Eu pensei
Que não fosse nunca
Mas agora já se foi
Nunca mais parece triste
Triste eu era
Agora passou...

Trocaria a eternidade
Pela noite que chegou!



"Que eu trocaria a eternidade por esta noite!"
Por que está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se pôr
Por que está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for...




Agora o que vamos fazer
Eu também não sei
Afinal, será que amar
É mesmo tudo?
Se isso não é amor
O que mais pode ser?
Tô aprendendo também...



Vê se ao menos me engole
Não me mastigue assim...



*Traduz meus momentos reais... de hoje!"








quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Ela e não eu...

Por que com ela e não comigo?

Ela acredita em Deus, e eu também...
Ela te vê todos os dias, e eu também via...
Ela deve te falar besteiras, e eu também falava...
Eu atendia teu chamado, enganava as horas, contava os minutos, corria se você chamava...
Agora eu vomito inveja! E só.

Em Mim...

Porque eu queria ser Tua,
Só Tua
E de mais ninguém...

Porque eu queria deitar na tua cama,
Só na tua
E na de mais ninguém...

Porque eu queria ter Você,
Só Você
E mais ninguém...

Porque eu queria teu corpo no meu,
Só o teu
E o de mais ninguém...

Porque eu queria teus beijos,
Só os teus
E os de mais ninguém...

Porque eu queria tua pele,
Só a tua
E a de mais ninguém...

Porque eu queria tuas canções,
Só as tuas
E as de mais ninguém...

Porque eu queria teu calor,
Só o teu
E o de mais ninguém...

Porque eu queria te amar,
Só te amar
E a mais ninguém... Mas não dá!





Comer Você


Não esquenta não! Eu não vou comer você!!
...Embora eu tenha uma fome insaciável de ti!


É o Diabo você todo...
Sua voz louca,
Seus passos perdidos,
Sua gana de ganhar,
Seus lábios de fel,
Suas mãos calejadas,
Seu corpo quente,
Sua indecisão corrosiva,
Seus olhos enfeitiçados,
Seus pêlos entrelaçados,
Seus dias de neblina,
Sua ausência lacunar,
Sua solidão confusa,
Suas canções ritmadas,
Seus acordes afinados,
Sua desorientação orientada,
Seus cabelos molhados,
Seus dedos possessos,
Suas feridas desatinadas,
Seus discos furados,
Seus freios gastos,
Seus medos subentendidos,
Suas frases metódicas,
Seus efeitos contrários,
Sua falta que tanto me irrita!



Você lembrará de mim até quando?



segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Eu, Hystérica?!

Existem certas coisas em nossas vidas que perfuram nossa existência como punhais ferozes que estraçalham a carne... Outras coisas vêm serenas como um arco-íris após a insana tempestade que encobrira antes o ardente sol. No entanto, sentimentos que nos permeiam não devem jamais ser comparado a simples e meras coisas que nos acorrem ou passam por nós.
Sentimentos que me foram despertados após assistir “Hysteria”. Um espetáculo tão singelo em artifícios e tão intenso em emoções.
O tal de “sexo frágil” sempre me fez sentir realmente esta fragilidade, qual nunca soube dizer ao certo se me fazia bem ou mal. Não fui de admirar as imensas ladainhas que profetizavam sobre filhos, guerras e purezas... (Sim!, descobri que as mulheres defendem sua leveza de alma!) Entretanto, desvendei que somente a força absoluta nos concede o dom de geradoras,q eu necessitamos alimentar as lacunas existências com a presença de seres que nos acompanharão pelo resto de nossas vidas como verdadeiramente nossos e que perdidas e imersas no mundo de nossas próprias naturezas nos encontramos na mais plena paz de espírito. Então percebo que o “frágil” é na realidade “guerra”! A luta contra si mesma, contra nossos fantasmas visíveis e invisíveis, contra a primavera amarga, contra a solidão da valsa que embalamos no peito, contra a poesia que transformamos em lagrimas; é uma batalha incessante. E somos guerrilheiras protagonistas, guerrilheiras solitárias. Inaderente a frustrações e tragédias.
Pela primeira vez tive vontade de agarrar a mulher que habita em mim com medo estonteante de perdê-la. Não de abraçar um que passasse a minha frente, ou cantar junto a canção que soava ao fundo, ou me entregar felina ao coito... Senti vontade de tocar a imagem que me reflete: a mulher que tem medo, a menina que saracoteia, a garota que mente para sorrir e sorri para tentar viver e não simplesmente existir...
Descobri também que sou prisioneira de mim mesma e como isso é lindo...
Sei que deveria estar lá, em meio a risos e lágrimas, ambos compulsivos, meus olhos verem e meus ouvidos ouvirem... E mais do que isso: meu coração se emocionar e minha alma sentir. Talvez só um espetáculo; para mim uma luz, um caminho...

domingo, 14 de setembro de 2008

Você..."F"


Você, que tanto tempo faz,
Você que eu não conheço mais
Você, que um dia eu amei demais
Você, que ontem me sufocou
De amor e de felicidade
Hoje me sufoca de saudade
Você, que já não diz pra mim
As coisas que preciso ouvir
Você, que até hoje eu não esqueci
Você que, eu tento me enganar
Dizendo que tudo passou
Na realidade, aqui em mim
Você ficou
Você que eu não encontro mais
Os beijos que já não lhe dou
Fui tanto pra você

E hoje nada sou.

Pedaço frágil

A fragilidade...
Ah, como se parece com uma flor de outono...
Ficamos a admirando, observando sua beleza, sua inquietude. No entanto ela logo desfalece, finda, morre.
Não quero ser uma flor de outono, tão pouco firmar-me num precipício de fragilidades mórbidas e moribundas.

- Eu desejei muito que o Cara que perturbou por tanto tempo meu sonho viesse de encontro meu, mas agora cansei. Sabe quando tudo vira um pesadelo, onde você somente se enxerga num labirinto infernal, acorrentado?

Por falar em acorrentada...
- Cansei do Velhote que também me acorrenta a alma. É só eu me sentir fraca que ele domina meus pensamentos. Ai, que desgraça!

- O Guri irritou-me profundamente. Meninos... Nem sempre são só garotos, mas na maioria das vezes são menos que isso! E ele? Não entendo... Pensei que fosse tão parecido comigo. Talvez seja, .

Credo! Isso tem se tornado meu diário "lamurial"! Que infelicidade!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

No palco


TALVEZ HOJE EU NÃO SAIBA QUEM SOU
TÃO POUCO CONHEÇA O MEU VALOR...
E O TEMPO? NUNCA FOI MEU BOM AMIGO...



Depois de glórias, gritos, euforias, cá estou.
Apresentação formidável a de ontem.
Teatro lotado. Revi minha diva do teatro. Ângela Barros continua a mesma estrela repleta.
Saudoso palco. Aplausos. Ritmo desritmado. Adrenalina. Gente.
Acho que o nosso publico atingiu a umas 400 pessoas.
Uma imensa surpresa!
Alguns amigos se fizeram presentes. Outros ausentes.
Mas fique feliz pelos que foram me prestigiar. Muito.



Meu coração puto não assume outra forma.
Esperei que seu dono do momento adentrasse por lá no teatro.
Fizesse minha respiração falhar, meus olhos brilharem...
Mas ele não foi. Tudo bem.


Adormeci pensando naquele outro que reencontrei por estes dias.
Tão imensamente belo, dotado de dons divinos e tal e coisa e coisa e tal.
E quando acordei sorri. Mas também tive vontade de chorar.
Não queria ser tão voluvelmente dispersa.
Mudar tão constantemente de hábitos, lugares e pessoas.
Queria ter a constante constância da tempestade de atormenta minha alma.
Ela é sempre tão presente e quieta.


Quanto ao ultimo cara que fez meu peito arder...
Já não quero mais sonhos, nada - em absoluto!
Que sua vida caminhe em direção ao barco perdido. Só.



"Danço no silêncio, choro no Carnaval.. E quer saber? Demore, sim!"

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Tormentas vãs

Infelizmente sou mega-maníaca-carente que endoidece a cada ausência e a cada solidão lacunar...
Desejo muito que meu Menino venha logo, mas se demorar, e se não vier... Desejo então que meu peito saiba esperar, e só.
Atravanquei meus passos perdidos e o desconhecido não mais me sorriu.
O Cara que antes me consumia pouco me olha e já hoje não vejo mais brilho nos teus olhos pálidos, nem caminho nos teus caminhos confusos. A fala mansa não é mais louca e o timbre da voz não mais me encontra como outrem.
E eu só queria que o milagre que sempre esperei viesse a atingir minhas veias, minhas entranhas, meu ser inteiro...

Ai, peguei-me pensando, visitando o infinito particular daquele que uns invernos atrás levou minha alma para o inferno, ou mesmo trouxe o inferno para minha alma...
Tão homem, viril... Tão covarde, inconstante!

Só quero minha paz de espírito agora, sim?!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Eu te amo - Chico Buarque/Tom Jobim

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir?!

metade*

Eu perco o chão, eu não acho as palavras
Eu ando tão triste, eu ando pela sala
Eu perco a hora, eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim


Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos, eu estou ao meio


Onde será que você está agora?



quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Repete.

As cruéis batalhas me arremessam ao chão, logo meu sangue escorre, lava a alma, tingindo-a.. As vezes dá coragem, mas as vezes não. Na maioria das vezes tenho medo... Medo de sair na rua, olhar teus olhos, não respirar de teu sorriso de ouro.
Esqueço-me de tudo e vivo de infortúnios sempre tão vindos...

E ele nem vê a nada.


NÓS

Nós dois somos um barco que naufraga em rumos distintos, ao passo que também paralelos...
Da garganta que eleja contra a ânsia de uivar para a imensidão inteira e da boca surge a vontade de lábios encontrarem-se. E o sabor de mel morre na solidão inóspita e tão vazia quanto os passos do guarda noturno.
Uma única palavra que soa na cabeça, dentro dos pensamentos, é NOSTALGIA. A vontade de encontros contínuos passados repetem-se. As ganas estão todas confundidas dentro da alma e bagunçou todas as estradas que os pés poderiam seguir.
O mar... Arrasta a areia no seu vai-e-vem, agita a calmaria, subordina a louca quimera e o oceano inteiro move. Sinto minha vida embaraçar, mistificar, fabular, untar, transgredir.
Em nosso barco os mesmos discos e livros ocupam a prateleira. Cantamos pela viagem canções ímpares, dançamos equalizados, sonhamos o mesmo sonho, lemos iguais poesias.
Nossas palavras se encontraram. Os ecos soaram com força. O perfume das rosas se perdeu pelos ares. A velocidade dos ventos aumentaram. As luzes frequentes falharam. As árvores saudaram o pássaro carpinteiro. É a alma que quer pertencer muito mais que os corpos. A gente preenche o mesmo palco. Pintamos o quadro verde juntos.
Meu espírito sedento te buscou no silêncio da frívola ausência num sonho lindo de destinos perturbados e até ti não cheguei. Fora a indisposição do caminho perdido, do sentido oprimido.
A vulgaridade das palavras não se fez em nossas conversas banais e nos pequenos segundos de insanidade. Os risos pelas mesmas graças se faz satisfatório as ações cabulosas e extravagantes que cometemos.
Desejo que ondas boas tragam paz de espírito, cuidado mútuo, sonhos de madrugada, palavras loucas, beijos ardentes, braço na cintura, músicas para recordar, jogos para jogar, cheiros de gente no ar, utopias históricas, carinho e que as ondas más arrastem a ausência, a carência mista a solidão e a imóvel distância. E que o vento aproxime seu cais do meu porto e esse povo todo que é uma ilha se cale ao nosso enlace insaciável.
Que os objetos se percam, as mãos afaguem, os lábios beijem, os corpos esquentem, os discos toquem, os olhos mirem, as forças reajam, as nostalgias encontrem, as energias vibrem, o oceano seja um só.

Que vontade enorme de de você, Menino!


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Teu momento, meu instante

Esse teu momento que se faz de meu instante... Como gosto!
Os dias se confundem com o buraco fundo de nostalgia e os segundos são banhados de pó de pirilimpimpim!
Ele, meu Menino, ressurgiu como uma ave Fênix... Eu estava imersa a dureza das rochas calcadas com os pés descalços e ele retornou a minha realidade.
Meu Menino é doce. A gente mesmo a distância consegue se entender como outrem. Por coincidência lemos o mesmo autor, escutamos as mesmas canções, rimos das mesmas histórias, nostalgiamos as mesmas situações e vibramos do mesmo ar, ainda que distante.

"Sei que as vezes uso palavras repetidas,
mas quais são as palavras que nunca são ditas?!"

Quero muito que o tempo passe, que a semana acabe, pra que eu posso vê-lo de novo!


Já não quero mais me desmoronar, quero aguentar, estar viva, forte, vivaz... Quero milhões de motivos para estar forte e seguir com o coração dilacerado e batendo desenfreado, dançando a dança dos pássaros perdidos e das nuvens em voltas a arco-íris.
Quero risos cabulosos, palhaços no salão e folia no meu quarto. Quero beijos molhados e abraços quentes. Quero palavras de amor, quero carinhos e sentir desejos. Saciar desejos. Quero uma realidade viva. E me basta.

domingo, 24 de agosto de 2008

Compaixão!

As horas não passam
Os dias não chegam
Os segundos não vêm
Os minutos não vagam

As peles esfriam
Os pêlos arrepiam
As roupas abotoam
Os cabelos embaraçam

Os homens não vibram
As mulheres não liberam
Os meninos não cantam
As garotas não dançam

Os ossos sentem
As mãos esfregam
Os olhos perdem
As bocas secam

Que compaixão do meu universo inteiro...



Minhas Palavras

A vida está com o peso de uma lâmina cega, que vai decepando todos os cacos que vê pela sua frente...
Ora me faz rir, em outra me faz chorar.


Dançar é uma solução magica, que liberta, afaga a alma e me causa um bem-estar imenso. Adoro.
Amigos têm sido essenciais, e têm me trazido vitalidade nos momentos mórbidos dos dias rasos.
Escrever me liberta, mas ultimamente não tenho sabido escrever mais que dez sujas linhas de traição ao meu espírito.
Cantar faz com que eu me sinta apaixonada, e daí crio umas paixões que não existem e é o que torna o retrato real da solidão.
Falar é arma em campo de guerra... Falo, falo e nada digo. Mas cada vez que me pronuncio me sinto dona do meu mundinho.

E nessas palavras tenho conjugado meu tempo.




sábado, 23 de agosto de 2008

Ontem à noite...

Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, nada aquecia
Ele apareceu, parecia tão sozinho
Parecia que era minha aquela solidão
Ontem à noite, eu conheci um guri que eu já conhecia
de outros carnavais com outras fantasias
Ele apareceu, parecia tão sozinho
Parecia que era minha aquela solidão
No início era um precipício um corpo que caía
Depois virou um vício
Foi tão difícil acordar no outro dia
Ele apareceu, parecia tão sozinho
Parecia que era minha aquela solidão.
"Eu queria o cinza do céu noturno bem baixinho... Pertinho do meu nariz para que eu sentisse seu cheiro de tão longe que viria sobre uma brisa fresca!...
Não importa aonde vou chegar, basta que esteja você comigo e caminharemos lado a lado... Falando das besteiras da vida, do principio do precipício, do calor constante, dos medos e do temor das mãos suadas. E que sussurre algo banal no meu ouvido somente para me causar riso e depois corra na noite vazia por entre meu universo colorido e repleto de rosas místicas e jasmims cítricos."
Eu preparo meu corpo nu para pertencer ao teu, meus lábios para beijarem teus lábios, minhas mãos para percorrerem teu peito, meu céu para tua estrela brilhar, meu canto para tua voz conjugar, meus passos para teu destino cruzar, meu pescoço para sua boca percorrer, minha alma para teu espírito adentrar...
Agora que as horas passem depressa e que o silêncio pare de gritar conosco. Que a musica tocada no cabaré se extinga e rode na vitrola a bossa que ensaiamos outrem. O meu cabelo enrolará no teu leito e tuas mãos prensarão minha vida. Enfim Alfa e Ómega se encontrarão...
"O vento está me soprando ao precipício... Leva-me para ti?"